Aqui em Vancouver tem sempre alguma coisa funcionado.
Muita gente andando na rua. E nos fins de semana eles fecham a Granville – é
uma rua “infinita” e onde está o hostel em que estou hospedada - e fazem algum evento público, seja um jogo de
hóquei, uma apresentação de escola de dança, um grupo de músicos, fora as
apresentações musicais gratuitas que se pode ver em qualquer esquina.
Em uma das minhas andanças por aqui acabei parando
numa galeria que tinha um aglutinamento de pessoas. Dançando salsa. Quando é
que eu iria imaginar que em "Vanco" (já me sinto íntima de Vancouver) eu ia encontrar tanta gente junta dançando
salsa? (As fotos estão aí pra mostrar!) Os latinos estavam presentes, mas a maioria
não tinha traços físicos latinos não. E o mais legal: essa galerinha dançava
muuuuito bem! Quebra de paradigmas! Jajaja (pra homenagear a risada em
espanhol...)
Pois é, fiquei por lá, não pra dançar, mas pra admirar
mesmo, porque eu sou uma negação na salsa! E ainda pensei: Ótima chance pra
aprender Inglês, Francês, Espanhol, tudo junto e misturado!. Afinal tenho que
aproveitar cada chance que tenho. Meu lema aqui é: passou na minha frente,
olhou pra mim, tô conversando! Pode ser até um mosquito! Não deixo passar um!
E nessa conversaiada danada eu até que tenho
progressos. Um deles é que, no caso do Inglês, as palavras estão perdendo a
petulância de fugir de mim e estão ficando um pouco mais calminhas na hora em
que vou falar. Elas ainda são um pouco sapecas, confesso. Agora apenas pulam de
um lado pro outro no momento de elaborar uma frase, mas pelo menos não saem
correndo como antes... Ufa! Placar: 3 Patti x 2 Palavras Danadinhas. Eu chego
lá!
Voltando à história: o lugar estava cheio, o trem tava
bão demais! Alguns latinos se apresentaram. Cheguei até a conversar com eles
também. Conheci a mãe de uma das argentinas que dançou, enfim, eu estava falando
pelos cotovelos. Falando não. Ouvindo pelos cotovelos, que é o que, POR
ENQUANTO, mais faço. E ouço todo mundo que queira conversar comigo, por que não?
Mas, infelizmente não é todo mundo que entende que eu estou imbuída do espírito
de aprendizado e leva essa minha atenção pra outro lado.... Não bom...
Bem, um senhor idoso, tipo assim: poderia ser meu avô.
Veio ocupar um lugar ao meu lado, pra ver as apresentações e – não sei direito
como aconteceu – ele engastalhou o pé em alguma coisa e quase se estabacou no
chão. Eu gentilmente olhei pra ele pra ver se estava tudo bem. “Ni qui” de
repente sai da minha boca: It’s okay? e a partir daí se passaram 30 minutos
em que o homem não parou de falar. Peraí, exagerei um pouco, eu tive um
tempinho pra avisar que eu não falo Inglês muito bem... mas foi só. Pouco
depois ele já tinha ignorado essa informação, ou talvez nem tenha entendido,
não sei, e após os 2 primeiros minutos de conversa ele destrambelhou a falar
rápido como se estivesse conversando com qualquer nativo. Enfim, não entendi
patavinas!!! Até aí tudo bem! Isso não foi tudo. Como se não bastasse, esse
mesmo sr. tira do bolso um cartão com seu telefone. Ele olhou no fundo dos meus
olhos – que àquela altura estavam estatalados - e me convida pra dar uma
volta!! Pode?! E aí sim eu entendi o que ele falava! Foi como um estalo na
minha cabeça! Tudo ficou claro e cristalino! E aí um só pensamento povoava
minha mente: “Como é que eu vou sair daqui?” Num passe de mágica, por um breve
instante o silêncio se fez. Em algum momento ele tinha que pegar fôlego, né? Pois
eu aproveitei o ensejo pra dar no pé. Com o máximo da educação possível nessa
situação eu disse um breve I have to go now e fui. Escutei ele falando
qualquer coisa atrás de mim, mas eu nem dei confiança. E se ele pega outro
embalo de tagarelice? No way!
Escapei.
Lição de hoje: nem todo velhinho é como meu avô.